quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Procura-se uma caixinha amarela

Deve existir um lugar chamado terra da saudade. Só pode. Às vezes, a velocidade das coisas chega a me assustar. Fico pensando em tanta coisa boa que já vivi, em tanto que vou viver ainda. E aquela dúvida bate: pra onde vai tanta coisa boa?
Não adiantam as caixas de cartinhas guardadas no fundo do guarda-roupa. Não adianta acumular porta-retratos, transformando-os em lindas casinhas de vidro para traças.
Não adianta acumular pastas e mais pastas de arquivos cheio de lembranças.
Não é suficiente. Nem se a gente vivesse 3 vidas a mais, ia conseguir guardar tanta saudades de uma vida só.
Isso porque, nem sempre foto significa o melhor da vida.
E aquela declaração de amor no meio de uma terça-feira depois do almoço, em pleno MSN?
Que provavelmente, o histórico não guardou.
E aquele encontro casual, no meio do nada, sem esperar, acompanhado de um olhar ou um sorriso?
E aquele elogio, aquela declaração sincera de uma pessoa, no meio do nada? Justo daquela pessoa que a gente nem imaginava que gostava da gente. As vezes até, era mais fácil torcer o nariz do que tentar entender a diferença.
Carnavais vão se misturando. Músicas vão criando outros ritmos. Até as pessoas vão se reinventando em outras formas de amar.
E a saudade daquele dia que pude ficar em casa, encontrei um chocolate no armário e assisti a um filme de infância?
Onde guardo essa saudade? Onde encontro essa câmera digital que guardei tanto sentimento?
Onde posso voltar no tempo aquela cena linda de um filme, que já voltei tantas vezes no videocassete?
Agora imagine que caos é essa terra da saudade. Um caos cheio de felicidade. As pessoas vão andando e contornando um monte de caixinhas. Cada tropeço deve ser um motivo de riso e alegria:
Opa, tropecei aqui no meu primeiro beijo. Nossa, que cara de nojo foi essa??
E aquela caixa grande ali, que ninguém pode abrir? Escondidinha...
Cuidado! Só uma pessoa pode abrir.

E assim se vão as lembranças. A terra da saudade, ou melhor, a terra das caixinhas de saudades. Sem fim. Cheia de alegria.
Eu queria morar lá.
Mas o tempo passa e fico feliz em saber que minha coleção de caixinhas vai ficar ainda maior.
No meio delas, deve ter uma amarela.
Eu sinto saudades do amarelo.

4 comentários:

Nana disse...

Se tiver uma caixinha de biscoito, ja sabe de quem eh, naum eh? :D
Menina MArcela, gosto de tu
Bjs!

Lubi disse...

Texto lindo, permissivo ao mergulho.
Senti saudades.

Beijo.

Cleber disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Victor Costa disse...

Eu prefiro o azul...
Como sempre, genial e simples (que eh o mais dificil).
Incrivel como vc eh desenrolada, moça.
Um beijo.