sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Eu invejo o Paralelepipedo.

Eu preciso de uma rima pra fazer poesia.

Uma rima que não rime com nada.

que encontre o por acaso

e seja apenas alegria.

Quem mais precisa de rima pra viver?

Rimar é depender eternamente.

É depender do ritmo incerto de não ter graça.

É depender de tudo, mesmo sem querer nada.

Eu preciso de rima mais do que poesia.

Preciso de uma rima doce. Uma rima constante.

Constante. Presente. E o que pode rimar com poesia?

Eu não preciso de rotina. Ne tampouco que alegria rime com poesia.

Eu preciso de um motivo para encontrar.

Eu preciso da rima que procuro.

Eu preciso saber o que tou procurando.

Acho que a rima se perdeu. Eu perdi o meu motivo pelo ar.

Eu não preciso de poesia. Poesia não rima com amor.

Amor rima com dor.

Pra quê a rima existe?

Ela não vê diferenças entre os opostos.

Quem precisa de rima,

Eu já tenho meu paralelepipedo.

Pra quê mais?

Essa é a melhor rima. A rima que rima sozinha.

Eu preciso de poesia.

Mas não preciso de rima.

Preciso de ritmo.

Mas não preciso de euforia.

Eu preciso de um motivo.

Nem que seja para saber.

Por onde andava essa rima,

Quando eu encontrei você?

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Ratatouille

Sábado passado, o filme Ratatouille passou pela minha cabeça. Aliás, passou pela cozinha.

Não que eu tenha aprendido muito bem a lição de moral explicita do filme. Todo mundo pode cozinhar. Todo mundo pode fazer qualquer coisa, independente da crítica. E de vez em quando, pode até brincar com ela.

Mas poxa. Não sei se eu pude cozinhar, mas acho que ratatouille realmente esteve na cozinha.

Depois de um dia inteiro pensando: é hoje. Hoje. A prometida lasanha. Me deparo com uma vontade quase que forçada de caprichar na receita.

Já que a fome perdoou até agora: por que não ousar?

Quando minha avó cozinhava bem, eu não aprendi uma regra básica com ela. É bom ousar na cozinha, mas antes você deve aprender a cozinhar.

Resultado. Inventei uma receita nova e errei na medida do molho. Errei feio. E do tipo de molho que faz falta.
Ou você inventa, ou arruma uma boa desculpa esfarrapada na hora de servir a lasanha.

Que tal colocar fogo na cozinha? Jogar todas as panelas pela janela?

Já sei. Pega um miojo e diz que a história da lasanha não deu certo. Tava tão cansada que desmaiei na cozinha. Mas o miojo está maravilhoso.

Não foi nada disso. Ninguém desmaiou, nem muito menos saiu batendo panela. Até porque, nenhuma mãe do mundo ia gostar de ver suas panelas voando prédio abaixo como se fossem discos voadores.

O molho acabou. Foi nessa hora que Ratatouille , ou pelo menos o seu espírito baixou na minha cozinha. ( e se você não acredita em espírito conversando na cozinha, assista ao filme).

Ah háa

Sério mesmo. Parecia uma pessoa super experiente querendo se vingar de uma panela.
Inventa um molho branco. Inventa. Agora tem que ser com pouco leite e sem creme de leite.

Como assim? Rato, rato, nem pense em me decepcionar? Como poderia faltar leite em uma geladeira justo agora?

O segredo é esse:

Em situação de emergência, coloque tudo que tiver na geladeira. Tudo.
E vá provando desesperadamente.
Quando você já estiver mais desesperado, pode ter certeza. Vai estar no ponto.

Bem, não sei se essa receita sem receita dá certo, só sei que a minha deu.

Nunca fiz uma lasanha tão gostosa.
Aliás. Nunca fiz nem ovo, nem pipoca, nem pão assado com tanto sabor.


=D

Não sei se o filme tava certo quando disse que todo mundo pode cozinhar. Mas inventar, todo mundo pode.


E se a crítica reclamar,
pergunta se ela pode inventar melhor!

Trema

Era uma vez um trema.

Nasceu luso. Morreu luso.

Nasceu brasileiro. Quase morre.

Mas sou brasileiro e não desisto nunca.

Será?

O trema está com os dias contados.

Mas se depender da sua fé, fé grande como de todo brasileiro.

Pode ter certeza: vai existir vida após a morte.

Não duvide nada se o trema virar reticências.

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