terça-feira, 17 de junho de 2008

Atilino

Era um bichinho estranho. Sempre foi assim. 3 patas. 4 antenas e 2
rabos. E mesmo com tamanha estranheza conseguia ser engraçadinho.
Engraçado que ele não era assim exatamente como um patinho feio. Não
tinha nada de pato. Só um pouco de feio. Andava cambaleando e ainda
não sentia sequer falta de uma família.


Na verdade, o grande dilema do bichinho estranho, era que ele não
sabia o que era. E incrivelmente, era feliz por isso.Talvez, saber demais pudesse deixá-lo assustado. Ele não reclamava de ser assim, simplesmente jogado no mundo.
Ao contrário de tantos, que tanto contrariam essa desvantagem. Atilino gostava de ser assim.

Atilino? Que invenção de nome é essa?

Para ter 3 patas, 4 antenas e 2 rabos, ele só podia ganhar um nome
assim, talvez algo que remeta a uma combinação de 3 nomes bem
diferentes.


Atilino andava devagar, brincando com o tempo. Na verdade, ele não
sentia cheiro algum, porque deixou de sentir desde que tombou o
nariz ( que por sinal era no meio da testa) em plena árvore de um
deserto.


Como pode? onde aquela árvore foi parar ali? Era um pé de pitanga.

A partir desse dia, Atilino quando acha que uma coisa é cheirosa, diz
que tem cheiro de pitanga.Mesmo sem saber. Ele só sabe que é bom.

Atilino já quis ser desenhista. Mas ele não sabia o que fazer com tanta pata.

o que é o sonho de muito desenhista por ai no mundo afora, é apenas
mais uma indecisão pra Atilino.

Atilino, usa a criatividade: duas patas desenham e uma coça as costas.
ou manda flores para alguém.


O máximo que Atilino fez com tanta pata para ficar feliz foi brincar
de zerinho ou um sozinho. Ele até tentou brincar de pedra, papel e
tesoura. Mas aí se deu conta que só precisava de duas mãos.


Brincar sozinho começou a deixar o bichinho entediado.

E em uma de suas tardes de solidão, ele viu outro bichinho esquisito.

Bichinho não, porque o nome dela é Carafácia.

Ela era estranha que nem Atilino. Aó estranha, porque diferença é que
não faltava nos dois. O que ele tinha demais de antena, faltava nela.
e quem já viu uma menina de 3 rabinhos?

Atilino chamou Carafacia para brincar e ela impôs uma condição:
eu só brinco se você adivinhar o cheiro que tem essa flor que eu
trouxe para você.

Atilino se perdeu entre tantas patas. Se perdeu no medo. Parecia que
ele estava fadado a ficar sozinho.

e respondeu:

não sei. Só sei que parece Pitanga.

Carafácia virou as costas e seguiu em frente.

Enquanto isso, Atilino se conformou com um descanso, enquanto brincava
de zerinho ou um.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Sem escalas

Tinha fascínio por aviões. Até hoje, ele nunca foi capaz de entender se o medo de avião era ainda maior do que o seu fascínio por eles. Toda vez que ele entrava em um avião, já pensava na possibilidade de morrer. E rápido. O que é deveras contraditório, afinal, a despedida, que muito o lembra o avião, acabava matando-o lentamente. Eram dias alternados entre saudades e solidão. Por um outro instante, ele lembrou que não gostava da janela do avião. Ela não não era recomendada para esse tipo de pessoa, assim que nem ele, que sempre olha para trás. Mesmo que a lembrança por vezes o machuque, ele só sossega assim. Consumando a curiosidade sem pensar muito nos seus sentimentos. E foi assim, que por entre nuvens, ele descobriu alguém. Pouco a pouco, ele descobriu, que na verdade, nem havia entrado no avião. O medo da saudades e a dor da despedida teriam sido tão grandes que ele só poderia compará~las a seu maior medo. O medo deo avião.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Quebra-cabeça

Era um dia incomum na vida dela. Sempre, ela reclamava que todos os dias eram iguais. E agora que estava diferente, ela começava a sentir falta daquela antiga calma.

Foi nesse dia que ela descobriu que perdeu um pedacinho do coração. Meu deus. Como podia ser assim tão boba a ponto de deixar um pedaço de um coração por aí, sem cuidados.

Ela começou a inventar mil maneiras de enganar aquele coração que ficou, que teimava em continuar no mesmo lugar, embora estivesse sem o tal pedaço.

Por que eu não perdi o coração inteiro e apenas não fiquei com um pedacinho? De repente, eu poderia tomar conta dele. Seria até mais fácil. Era só colocá-lo numa caixinha de fósforo. Ou quem sabe, numa caixinha de música para dar sorte todo dia antes de dormir.

Bom, um pedaço de um coração dentro de uma caixinha de fósforo pode não ser uma boa idéia. Imagine, um coração derretido, ou explodindo por aí na mão de qualquer um.

O pior era, aquele coração ali que ficou, incomodava bastante sem o pedaço. Ela tentava esquecer. Tentava colocar um pedaço de algodão para colar as partes.

Tentava fazer um pedacinho de papel colorido, misturado com massinha de modelar vermelha. Mas não adiantava enganar o coração. Ele não era bobo.


- Ah já sei. Foi um pombo que pegou.

Nossa. Logo um pombo? Ela não era lá muito chegada a pombo.

Foi aí que ela sentiu um cheiro. Algo assim que imsturava música, melodia, algumas risadas e uns pensamentos escondidos.

Ela sentiu o aroma de algo que foi bom, mas que se perdeu no tempo. Então, a menina descobriu que na verdade, estava aprendendo a se defender.

Ela teve tanto medo de que aquela sensação de coração batendo e mãos trêmulas passasse, que ela mesma arrancou o pedacinho do coração. Foi algo assim, meio bobo. Mas e daí? Desde quando ter insônia por pouco era maduro?

Nessa brincadeira de tentar achar o pedaço do coração, e nessa confusão sem fim, a menina cansou tanto que desistiu de encontrá-lo.

Ela lá nunca foi muito boa nisso de quebra-cabeças.

Ah, vai ver que era isso.

Ela começou a sentir medo. E um monte de sentimento misturado assim, ao mesmo tempo.

E foi assim, que descobriu uma coisa. Sem querer, já estava brincando de quebra-cabeça.

E nessa história toda, ela não conseguia encaixar muita coisa. Isso dava agonia, mão trêmula e até coração sem pedaço batendo do mesmo jeito.

sábado, 22 de março de 2008

Tic Tac

Eram exatamente 5 da tarde. mais 5 minutos de pôr do sol e alguns
segundos de indecisão.

Ela tirava o celular da bolsa a cada dois minutos. virava pelo avesso
cada detalhe que carregava naquela tarde insana.

em uma dessas loucura, deixou cair um chiclete e mais 5 papéis de não
sei o que mais e não sei onde. Um desses papéis que servem para as
pessoas acumularem sem motivo, e quando jogarem fora, aí sim. Vão
sentir que de alguma forma, se livraram de um peso ai qualquer.

mesmo que seja um peso de papel.

mas isso não funcionou para ela.

nem o jogo do celular novo. nem tampouco as mensagens de confidências
de amigos que ela teimava em ler toda vez que sentia medo, ou que
fingia não estar um pouco nervosa no consultório do dentista.

Na verdade, ela não sabia de onde vinha essa mania de toda vez olhar a
hora quando tivesse que tomar uma decisão. Era como se o ponteiro
tivesse a obrigação de trazer a resposta a cada 360 graus. ou um pouco
menos. talvez 187 graus. já que ela era ansiosa.

mas aí ela finalmente chegava à conclusão de que o relógio nem de ponteiro era.

e agora, o que fazer? fingir que escutou alguma coisa de algum
estranho no meio da rua? fingir que estava atenta a cada detalhe das
conversa com os amigos? não se sabe.

só sabia que de alguma forma, o coração parecia meio acelerado.
mas ela acabava colocando a culpa na mãe. afinal, era dela culpa de todos os seus problemas.

que culpa eu podia ter de nascer assim? já com o coração acelerado e
as mãos um pouco trêmulas por qualquer conversa boba.

ela continuava indecisa.

tentou lembrar da ultima vez que comeu jujuba. ou pelo menos da
penúltima que brincou com um cachorro ai qualquer de rua. que fez cena
para pedir um doce. ou chorou só por que esqueceu a passagem em casa.

viver parecia realmente ficar difícil em um momento como aquele.

de repente, ela começou a lembrar da última vez que tentou beijar
apaixonada. da última vez que falou só com o olhar. por que só o olhar
basta, mesmo quando a boca estava bem mais perto do que devia.

aliás. devia muito.

devia ficar ali para sempre. porque em um desses momentos, ela
esquecia atá a tabuada de cinco.

mas ai, de repente, começava a contar os minutos para adiar qualquer despedida.

e em um desses instantes, ela notou que já estava fazendo malabarismo
com a tabuada de nove.

por favor, fala alguma coisa. eu quero ouvir a sua voz.

e nada da decisão decidir. e nada do ponteiro do relógio mexer.

mas que menina teimosa. o relógio não tinha ponteiro.

mas ela só queria saber do ponteiro do relógio . o ponteiro que não existia.

ela só queria saber daquele momento que não existiu. da decisão que
nunca ia tomar.

mais, de uma hora para outra, ela não queria saber mais de nada. de
beijo. de loucura. de momento.

ela queria ser astronauta. queria voltar no tempo e poder fazer o que não fez.

então, ela saiu de casa. desta vez sem bolsa. correu em direção a ele.

e no meio do nada, deu um beijo bem no canto da boca.

e simplesmente, saiu correndo.

viu que não era nada daquilo. ainda lembrava da tabuada de cinco.
errava a tabuada de nove. e sentiu a vermelhidão na bochecha que mal
sentia.

de repente, ela começou a sentir que, sem querer ,tinha adiantado o
ponteiro do relogio. e como ela era esperta até demais, adiantar as horas significava um pouco mais de 187 graus de indecisão, ansiedade e algumas dúvidas a mais.

e o menino, que não era nem esperto para saber se gostava dela, só queria saber do jogo de botão.

E ai se a menina soubesse que ele errou o gol porque gostou do beijo.

Aí sim. Ela ia acabar precisando de um relojoeiro.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Amar-elo

Eu ainda realizo o sonho de publicar um livro infantil =)



Era uma vez uma menina que se apaixonava por várias coisas que via. A primeira paixão dessa menina foi uma borboleta. Muitos suspeitam que por causa disso ela começou a se apaixonar tanto. Porque desde então, ela sentia borboletas no estômago todo
santo dia.

A segunda paixão dessa menina foi a cor amarelo. A cor amarelo nunca foi a cor do seu quarto. Mas um um dia sem querer, pediram-na emprestado o lápis de cor amarelo. E ela se deu conta que ele havia sumido.

A menina, que quase ficou amarela, começou a pensar nesse pobre lápis que se perdeu por incontáveis segundos, minutos, horas e contáveis dois dias.

Como pode? Será que ele virou azul?

Já que pensar tanto nesse lápis começou a ficar angustiante, a menina resolveu resolver o problema: o lápis acabou porque havia pintado o sol.

E ele é muito grande, né?

E foi daí que nasceu um problemão: ela se deu conta que se apaixonou pelo sol.

Será que foi assim que ela descobrira o amor platônico?

Ah já sei. Amor platônico é isso. É algo que está tão longe que a gente não consegue ver.Não pode pegar, não pode sentir. O que essa menina não descobrira ainda, afinal ela era muito nova, era que longe pode significar perto, quando são as almas que não se tocam.

Mas voltando ao que deixava a menina sem ver o sol. Ela não conseguia ver duas vezes. Que luz forte essa do Sol, viu? Deve ser por isso que o amor é cego.

eita, mais uma descoberta para um coração pequenino.

Mas o que a menina não sabia é que coração pequenino também significa um coração apertado por uma dor. Essa dor é muitas vezes de saudades.

Havia pouco tempo que ela conheceu o Sol. Ele nao era nada perfeito. Ele não era aquele solzinho cheio de sorrisos típico de embalagem de iogurte. ele era normal. um sol qualquer por ai.

E por que então, então pouquinho tempo, ela se apegou ao Sol? O sol lembrava o lápis de cor amarelo.

E para ela, não havia nada mais ingênuo do que um lápis de cor amarelo.

Então era isso. As borboletas no estômago começaram a nascer amarelinhas.A saudade começou a ficar amarela.

Era saudades do que ela ainda nem conhecia. mas só sabia que era bom.

De repente ela começou a esquecer o sol. ai vieram as nuvens. de tanto dormir pensando no sol, ela começou a contar carneirinho para não dormir.

Porque pra menina, era o contrário: contar carneirinho significa pensar em carneirinho. Assim ela não dormia.

E no pequeno dicionário das paixonites agudas da menina, insônia é quando você começa a pensar tanto em alguém que nem dorme.

Mas de tanto contar carneirinho, ela um dia acabou dormindo de verdade e sonhou com as nuvens.

As nuvens a protegiam. as nuvens pareciam doce. só pareciam. ela nunca havia experimentado o algodão-doce.

Foi aí que ela descobriu o amor carinhoso. O amor fofinho. Mais fofinho do que um bichinho de pelúcia.

Um dia, ela sem querer sonhou que caíra das nuvens.

Mas desse tombo, que nem doeu tanto assim, em comparação ao tombo do sol,ela caiu no chão.

Lá estava a menina no chão. sem paixão. com borboletas que começaram a escapar do estômago.

como pode? foi aí que ela viu pela primeira vez um algodão-doce.

o que era aquilo? Viu não. Avistou.

Era uma nuvenzinha do tamanho do meu coração?

Ela começou a correr pra cada vez ficar mais perto. Diferente do Sol, desta vez, ela podia se aproximar. E diferente das nuvens, ela nào precisava sonhar tanto.

Foi ai que ela viu que o algodão-doce escondia um rosto. um rosto tão comum que ela nunca tinha visto de verdade.


A menina se apaixonou por um menino de coração tão pequeno como o dela.

Borboletas vermelhas começaram a se aproximar dos dois. Vermelhas porque o tal menino gostava de vermelho. E diferente da menina, ele nem ligava pra essa coisa de paixão. Então, como no dicionário da menina, vermelho é a cor que mais fácil lembra o amor, que assim seja.

De todo jeito, o menino ofereceu um algodao-doce e um lápis amarelo.

lápis amarelo?

Não importa. a Menina tava tão encantada que acha que é amarelo.

Se é amarelo, quem sabe?

Só sei que com ele, ela começou a desenhar um sol, uma nuvem, uma menina, um menino, um algodão-doce e duas borboletas para cada coração:

amarelo e vermelho.

Guardou tudo e colocou em um envelope. Quando já ia colocar na caixinha do correio, lembrou: esse menino nem mora tão longe como o Sol. Ele pode receber essa cartinha das minhas mãos.

E como agora essa tal paixão nem platônica era, a menina se deu conta que precisava de um relógio.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Recreio

Eram 15 minutos que faziam valer o dia.

E quando se diz Valer o dia. Era porque, simplesmente, ela só acordava porque pensava no recreio.

- Acorda, Maria Júlia. Acorda.

E isso se repetia pelos mesmos dias. Aí ela pensava em coxinha. Pensava em chiclete. Pensava na aula chata de matemática. Mas entre essa e aquela aula jurássica de história, tinha o recreio. Aqueles exatos 15 minutos.

O tempo suficiente para fazer o coração de Júlia acelerar.

É verdade que no recreio, acontece muita coisa. Mas para o coração de Júlia, tudo mudou.

Ele ganhou o mundo. E foi no recreio, que ela se apaixonou.

Ele era um menino preguiçoso. Andava sozinho, não falava com ninguém além dos seus cadarços que quase sempre andavam desamarrados.

Mas não era por isso que ele tropeçava tanto.

Faltava um pouco de atenção. E talvez, por faltar atenção, ele tenha despertado a atenção dela.

Agora, Júlia não mais demorava para acordar, Ela ao contrário, dava um abraço de bom dia na cama da mãe. O problema é que Júlia não mais dormia como antes.

Ela começou a dividir o tempo de insônia em pequenas frações de recreio.

A hora da coxinha. A hora de ver aquele menino. A hora em que ele tropeçava.

E finalmente, quando chegava na aula de história, Júlia começava a dormir.

E haja história para sonhar.

O que podia ser felicidade, chegava a apertar o coração da menina: chegava o fim de semana. E agora? Deveriam inventar o recreio nesses tais dias inúteis. Era assim que Júlia entendia um dia que não era útil.

Mas tudo bem, é o preço que se paga por passar dois dias sem matemática: sem recreio também.

Mas finalmente chegou a segunda-feira. o primeiro dia da semana. O primeiro recreio da semana. Uma segunda que para muitos significava saudades , para ela era um misto de sono mal-acostumado e hora de acabar com a saudade.

E lá estava chegando o menino. Assustado, de cadarços desamarrados. olhando para o chão. E de repente , como sempre, ele tropeça.

Bem que Júlia sentiu que essa segunda não era comum. Ela esperou tanto para o dia chegar que até parecia que esperava por algo que ia acontecer.

O menino tropeçou no pé de Júlia.

Passaram alguns segundos se olhando. Eram apenas segundos, mas que pareciam um recreio inteiro.

- qual o seu nome?

- João.

O menino saiu correndo com as bochechas rosadas. E no meio do caminho, quando Júlia ainda o procurava com o olhar de alegria, ele parou.

lentamente amarrou o cadarço.

Porque naquele dia, justo naquela segunda-feira, o recreio passou a ser diferente também para o menino.

O menino não tem cara de João, tem cara de amor.

Precisamente, de primeiro amor

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Procura-se um Post Meloso

Procura- se um mundo perfeito para se viver.

Um mundo daqueles sem comparação, ou que torne qualquer comparação um pouco menos piegas.

Procura-se um mundo perfeito onde os nomes têm a cara das pessoas.

Quem se chama Valdêncio tem cara de pinha estragada.

Quem se chama Júlia tem cara de menina sapeca e pequena.

Lá provavelmente meu nome teria mais de 10 letras. ( quem mandou ser grande?).

Procura-se esse mundo perfeito onde não existem sonhos. Pra quê sonhar e estragar tudo?

Procuram-se beijos de bom dia com gosto de café da manhã na cama, e nada de hálito ruim.

Procuram-se bom dias verdadeiros, com sinceridade no olhar e menos trato na alma.

Cadê?

Onde você colocou aquele lixeiro cheio de relógios?

Procura-se ainda esse mundo, onde em vez de colecionar relógios, as pessoas colecionam horas.

Não mais aquelas horas perdidas, ou mesmo ociosas.

Procura-se um mundo com gavetas incontáveis de horas felizes.

Onde está aquele mundo em que basta encostar a cabeça no peito para ouvir um riso?

Procura-se um mundo com mais praças. Mais bancos e menos jornais.

Procura-se um mundo onde pessoas "lêem" albuns de figurinha no banco da praça.

Procura-se um mundo onde, pelo menos 3 vezes durante a vida, você pode voltar ao tempo.

Procura-se esse mundo, onde os seres de outro mundo são Ets de pelúcia.

Procura-se esse mundo onde o importante só é competir, quando todo mundo pode ganhar.

Cadê esse mundo onde insônia só existe porque é bom ficar acordado?

Procura-se um mundo onde você não idealiza pessoas. Só o mundo.

Cadê esse mundo onde só há gritos de prazer?

Cadê esse mundo onda há valsa de madrugada? Onde só existe buzina do carrinho de pipoca e onde existe uma lei que obrigue essa pipoca de rua ser de graça?

Nesse mundo, abraçar significa realmente estar perto.

Procura-se esse mundo, exatamente esse, onde você pode perder a hora cada vez que se apaixona.

Procura-se esse mundo onde despedida tem gosto de chocolate.

Onde o elevador é a pior parte do dia.

Procura-se esse mundo onde nenhuma pessoa vai embora. E no dia que ela for, não se preocupe. Amanhã ela vai estar exatamente no lugar onde você a deixou.

Procura-se tristeza, porque você provavelmente não vai encontrar esse mundo.


E para quem achar, a recompensa é um mundo cheio de ilusão.